Após Redução de Taxas: Veja a Melhor Forma de Comprar Um Carro Zero.
Com a recente redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e queda nas taxas de juros do financiamento para automóveis zero Km, comprar o carro novo pode deixar de ser sonho para se tornar realidade na vida de muitos brasileiros. Como o corte dos tributos vai durar só até o dia 31 de agosto, a questão agora é saber qual a melhor maneira de adquirir o automóvel. À vista, consórcio, leasing ou financiamento pelo Crédito Direto ao Consumidor (CDC)? A compra à vista seria a escolha ideal, segundo o professor e consultor de finanças pessoais Ângelo Guerreiro, porém está muito distante da realidade financeira de muitos consumidores. Sendo assim, a solução é recorrer a parcelamentos que não coloquem em risco o orçamento doméstico. O desconto no IPI, por exemplo, fez o aposentado José Barbosa dos Santos, de 73 anos, antecipar a maratona de visitas às concessionárias, que só devia acontecer em outubro. Ele troca de carro a cada dois anos, mas, com a redução das taxas, vai aproveitar o momento e antecipar a compra nova. "Qualquer desconto é significativo. Com a entrada, o débito vai ficar pequeno e fácil de parcelar", disse José, que orçava um Polo/Volkswagen completo reduzido de R$ 51.490 para R$ 48.490. Com a queda de 2,5% para 1,5% ao ano do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) - cobrado nos financiamentos para pessoas físicas - , que integra o pacote de incentivos do governo, as parcelas do CDC ficaram menores. Para a gerente de carros novos de uma loja da Volkswagen, Amanda D'Almeida, a expectativa é que ocorra um aumento de 30 a 40% por mês, até o fim de agosto. "Por mais que seja uma medida momentânea do governo, o mercado não deixa de ser aquecido. Desde que foi anunciada a redução das taxas, as vendas tiveram um aumento significativo. Quem não comprou esse é o momento de aproveitar", acredita. Para Amanda, a maioria dos clientes que chegam à loja demonstram já estar pesquisando a compra, apenas adiantaram para aproveitar o desconto. Em relação às taxas de financiamento, a gerente explica que com 50% de entrada, o juro é de 0% para quem for parcelar em 12 meses e de 0,99% para 24 e 36 meses. Já quem for dar uma entrada de 20%, a taxa é de 1,4% para pagar em 48 ou 60 prestações. Para o professor Ângelo Guerreiro, o consumidor não pode se deixar levar pelas ofertas e deve fazer as contas com muito cuidado. Ele alerta que se o comprador tiver menos da metade do valor do veículo é melhor esperar e poupar um pouco mais. "Se não tiver dinheiro para dar uma boa entrada, a pessoa acaba pagando mais que o desconto gerado pela queda do IPI", diz. CDC e leasing - A queda no valor das taxas, por sua vez, faz a diferença no valor das parcelas entre o CDC e o leasing não ser tão grande e nem distante das que costumam ser pagas em um consórcio, que apesar de não ter juros, possui taxas de administração (em média, de 13% para veículos novos nacionais) que precisam ser levadas em consideração. Ao falar do leasing, o consultor explica que pode ter suas vantagens, mas é mais burocrático que o CDC e pode trazer dor de cabeça. "No financiamento, o carro está em seu nome com prestações alienadas ao banco. Já no leasing, ele só será seu após a quitação do bem. O carro fica em nome do banco alienado ao comprador", explica. Além disso, na sistema leasing, após a quitação do veículo, o consumidor terá que ir ao Detran solicitar a transferência para o seu nome no período de 30 dias. Caso descumpra o prazo, ele pagará multa e terá pontos descontados na carteira. "Com o IOF menor, o financiamento é uma alternativa melhor", garante Guerreiro, lembrando que a modalidade também não permite antecipar o pagamento de parcelas. O professor ainda cita desvantagens para dois tipos de consumidores. No caso de pessoas que vão financiar o veículo sem entrada, a redução do IPI não vai ajudar. "Os juros continuam altos, a pessoa que vai comprar sem entrada, só por causa da redução do IPI, vai acabar pagando caro pelo bem. Às vezes o dobro", alerta. Já para o comprador que pretende dar o carro usado como entrada, o professor diz que a vantagem também não agrega muito. "Se o preço cai para os novos, também cai para os usados", conta. Cautela - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira, 1º de junho, que o consumo das famílias cresceu 1% na comparação com o último trimestre de 2011. Já na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o registro foi 2,5%. Mas, por outro lado, os investimentos tiveram queda de 1,8% na comparação com o último trimestre de 2011 e de 2,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2011. Com isso, o governo reduziu, pela quarta vez seguida, a estimativa para crescimento da economia brasileira. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), passou de 2,99% para 2,72%. Para 2013, a projeção de crescimento de 4,5% ainda está mantida. Preocupado com as recentes informações de que a população brasileira está cada vez mais endividada, o professor Ângelo Guerreiro explica que esse é um momento de se ter muita cautela. "As pessoas têm que parar com essa ansiedade de consumo ou o objeto que era para ser um sonho acaba se tornando um pesadelo. No caso de carro, elas esquecem que há outros gastos além das prestações, como seguro, manutenção, IPVA, por exemplo", analisa. Guerreiro critica a atitude do governo por estimular o consumo. "Ao invés de investir em infraestrutura, melhorar os transportes públicos, ele reduziu o IPI para a população fazer mais dívida. Além disso, o transporte público não é bom, mas os engarrafamentos também não são", diz. Vendas - No mês de maio a venda de veículos novos apresentou um aumento de 11,15% em relação ao volume de emplacamentos em abril, segundo anúncio da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) nesta terça-feira, 5. Para o diretor de vendas de um dos grupos da Volkswagen, em Salvador, Rubens Darzé, a redução no IPI e IOF fez com que a prestação do carro novo coubesse no orçamento de muitos consumidores. "Muitas pessoas estão tendo acesso a um bem que antes não tinham. O momento é propício e vantajoso", acredita. Segundo Darzé, os automóveis ficaram em média 10% mais baratos, aumentando consideravelmente as vendas desde o anúncio do governo no último dia 21 de maio. "O mercado aqueceu e tivemos um forte incremento nas vendas", declara.
A Tarde
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